terça-feira, 17 de agosto de 2010

'A Joanna foi vítima do Judiciário desse país', diz a mãe da menina


No dia 26 de maio, Joanna sentou no colo de Cristiane e mexeu num cordão que a mãe tinha no pescoço. Nele, havia as fotos dos três filhos. A criança pegou a sua, colocou para trás e disse à mãe: "agora você só tem dois filhos". Cristiane e Joanna se abraçaram, a mãe negou com veemência a ideia da criança e ela partiu.

Logo depois, acompanhada pelo padrasto, Joanna Cardoso Marcenal Marins foi entregue ao pai, André Rodrigues Marins, na 5ª Vara de Família da Comarca de Nova Iguaçu. No laudo assinado por Cristina Segheto Rodrigues, responsável pelo expediente naquela data, Joanna aparentava estar bem cuidada e trouxera seus pertences pessoais.

Cerca de dois meses depois, a menina de 5 anos travava uma luta pela vida no CTI de uma clínica infantil, em Botafogo, Zona Sul do Rio.A menina tinha um edema extenso na cabeça, o que era o grande obstáculo para sair do coma. Ela tinha marcas de queimadura nas nádegas e perto das axilas, além de um corte no pé. A polícia acredita que Joanna foi vítima de maus tratos.

Os pais da menina se conheceram no começo dos anos 2000 na Igreja Batista do Recreio, que frequentavam. Namoravam há cerca de um ano, quando Cristiane descobriu que estava grávida. Logo depois, o relacionamento acabou.

Joanna nasceu em 20 de outubro de 2004. Logo depois a mãe entrou com um pedido de pensão e visitação na 1ª Vara de Família de Nova Iguaçu. De acordo com a decisão, André poderia visitar Joanna aos sábados de 9 às 11h. No primeiro ano, ele cumpriu o acordo. Mas depois ele ficou um ano sem dar notícias. Parentes de Cristiane contam que a família sempre ficava na expectativa se ele entraria em contato em alguma data como Dia dos Pais ou Natal.

André Marins reapareceu em 2006 e fez visitas regulares à filha. No entanto, em outubro de 2007, um problema aconteceu. Após uma saída com o pai, Joanna apresentou hematomas e um arranhão nas costas. Cristiane levou a menina ao Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu e a delegacia da cidade abriu uma investigação, mas nada aconteceu.

Depois se seguiu mais um período de ausência do pai até dezembro de 2009, isto é, pouco mais de dois anos. Quando reapareceu, André estava com a polícia e foi ao prédio de Cristiane. Os porteiros avisaram que ela estava viajando.

Em janeiro de 2010, Cristiane foi chamada ao Fórum de Nova Iguaçu. Ela foi ouvida por uma psicóloga. Durante a sessão, Cristiane diz ter sido mal tratada pela psicóloga.

Como forma de se resguardar, ela prestou queixa na Corregedoria do Fórum de Nova Iguaçu. Pelo lado materno apenas Cristiane foi ouvida, enquanto pelo lado de André foram ouvidos ele próprio, a atual mulher, o pai e a mãe dele. Nesse laudo, é sugerida a reversão da guarda.

Enquanto se travava esta disputa, Cristiane se mudou para Campos do Jordão. Mandou um telegrama para avisar ao pai, no entanto a mensagem voltou e ela fez constar do processo que tentara comunicar a mudança. Entre março e abril, André esteve duas vezes na cidade paulista e viu a filha.

Em maio, a Justiça do Rio reverteu a guarda de Joanna, sem a visitação da mãe por causa da síndrome de alienação parental, quando um dos progenitores induz a criança a perder contato e não reconhecer o outro. A reversão da guarda foi concedida em meio ao ano escolar, quando a menina estava em processo de alfabetização.

Chegamos então a julho de 2010. De acordo com a polícia, a criança foi atendida por um falso médico, o estudante de medicina Luiz Henrique Marques, que teria aplicado um anticonvulsivo, e liberado a paciente desacordada.O estudante vai responder por tráfico de drogas por ter aplicado uma substância que pode causar dependência química, além dos crimes de exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica e falsidade de documentos públicos.

Dias depois uma pessoa que se identificou como amiga de André ligou para um dos hospitais de Campos do Jordão, onde Cristiane Marcenal Ferraz atua como cardiologista. A pessoa disse que Joanna estava mal e que a médica deveria ver a filha.

Cristiane falou com o pai da menina que disse: "sua filha está morrendo, venha". Ao chegar na clínica, no Rio, André não estava. Presentes no local o pai dele, a tia, a promotora Maria Helena Rodrigues Biscaia, que, de acordo com os parentes maternos de Joanna, é mulher do deputado federal Antonio Carlos Biscaia.

Desde então há um plantão de amigos na frente do hospital. André esteve no primeiro dia e quando tentou voltar foi rechaçado pelos parentes maternos da menina. Não mais voltou. A juíza da 5ª Vara de Família de Nova Iguaçu, Cláudia Nascimento Vieira, devolveu a guarda de Joana à mãe enquanto a menina estava em coma, tarde demais.

Cristiane não saiu do hospital. Se mostra forte, mas quando chega alguém mais próximo, desaba. Depois recobra o espírito e segue na sua vigília.



Nesta terça-feira, Ana Maria recebeu a mãe da pequena Joanna Marcenal, de 5 anos, que morreu semana passada, no Rio, sob suspeita de maus tratos. A menina ficou quase um mês internada em coma, mas a causa da morte só será conhecida daqui a 45 dias. Revoltada, Cristiane Cardoso Marcenal disse que Joanna "foi vítima do Judiciário desse país".

Sobre a perda da guarda da filha, a mãe da Joanna explicou que a juíza determinou que a filha fosse entregue imediatamente ao pai. “Ela foi arrancada de mim. Para evitar que isso fosse mais traumático, eu disse à Joanna que a mamãe ia voltar. Imagine uma criança ter que ficar 90 dias longe de uma mãe? Pedi na justiça, em todas as ONGs que pudessem me ajudar, procurei mil advogados, vendi um apartamento pra pagar advogado. A juíza, em nenhum momento, parou pra ouvir qualquer tipo de negociação que eu fizesse”, lamentou.


Emocionada, Cristiane disse que ainda não consegue entender o que foram os hematomas encontradas no corpo da filha quando deu ela entrada no hospital. “Se fosse queimadura de água quente deveria ter atingido a vulva. Se tivessem a escaldado em água quente deveria ter escorrido. A impressão que se dá é que sentaram a Joanna em uma chapa quente”, falou muito emocionada.

Ao final da conversa, a mãe de Joanna fez um apelo. “Peço às pessoas que tenham visto ou que saibam de alguma coisa, de alguma história de a Joanna ter se machucado, por favor denunciem. O que mais me indigna nisso tudo é que a história com o menino João Hélio foi ocasionada por marginais. A da menina Isabella Nardoni ocorreu com pessoas que não detinham as leis. No meu caso, a Joanna foi vítima do Judiciário desse país. A juíza tirou ela dentro de casa e a entregou pra ser morta”, revoltou-se.

DISQUE-DENÚNCIA: 21 2253-1177

4 comentários:

disse...

...isso tudo é de cortar o coração!!!

Meus sentimos a todos os familiares, coragem e fé para continuarem as vossas vidas!!!

Fabi disse...

Ai ontem passou uma reportagem na Band tbm, poxa é revoltante o que aconteceu, só Deus para consoalr essa mãe! Mta força e luz pra ela e os familiares!

Mari Hart disse...

Na mão de quem está nossas crianças!?Olha esse pai,esses médicos...medo de viver!

Essa médica presa atendeu meu filho na 1ª convulsão dele,somos pacientes dessa clínica há anos...não dá pra confiar em mais ninguém nos dias de hj. Nem em quem deveria nos dar carinho e educar. Ou p/quem pagamos p/ser atendidos.

Triste.Muito triste.

GIL disse...

é revoltante decepcionante e triste, tem atitudes que nos deixam de mãos atadas, principalmente em orgãos de saúde, está um desespero a saúde, a educação, é como se não fôssemos gente mais.....ah...fico revoltada mesmo.....tenho dois netos pequenos é preocupante........bjks....Gil

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